a arte de semear é semelhante a de educar
Relatar sobre a experiência
vivida num curso de formação continuada é um desafio e tanto. Por isso, durante
algum tempo fiquei refletindo de como começar essa tarefa tão sublime. Nesse mesmo instante me veio à mente a
Parábola do semeador (Mt 13,1-9), que relata que muitas sementes foram
semeadas, algumas caíram a beira do caminho vieram as aves e as comeram, outras
caíram em solo rochoso onde também não vingou devido a falta de raízes
profundas, outras cresceram entre os espinhos os quais a sufocaram impedindo
seu crescimento. Contudo, algumas caíram em boa terra e deram fruto de encher a
vista com a colheita que se anunciara.
Aqui aprendo que sou uma educadora, como tantas outras, que saíram a
semear, porém em alguns momentos não havia aprendido sobre o que é importante
cuidar quando se está a plantar e por isso, durante a labuta árdua tive várias
frustrações, desilusões, angústias, pensei em desistir, afinal já bastava a
dureza da tarefa de semear e, além disso, ter de enfrentar solos tão inférteis
que são capazes de destruir até mesmo as boas sementes. No entanto, não desisti
tive que ser forte, pensei que se aprendesse um pouco mais sobre minha tarefa
também chegasse a compreender outros mistérios e caminhos, então resolvi
continuar a buscar aquilo que ainda me faltava. Nestes momentos de
aprofundamento no meu eu, entendi que para exercer uma tarefa, por mais simples
que fosse, precisava compreender a arte do fazer, não simplesmente chegar ao
destino final, mas aprender que o melhor de uma viagem é o caminho que se pode
trilhar, e quando chegar ao destino, poder contar as proezas vividas enquanto
ainda estava indo.
Portanto, posso nessa viagem
pelos encontros do PNAIC, ressaltar que o desenvolvimento do aluno depende da
forma de trabalho do professor, ou seja, depende de como ele está preparando o
solo para receber a semente. Pois a arte de educar é semelhante a de semear, é
algo que requer muito trabalho, cuidado, persistência, esperança e sabedoria, a
qual não devo descuidar nunca.
Nesse mesmo arado, tenho que
alertar que os instrumentos para o trabalho também é de extrema relevância,
visto que, o que se é utilizado poderá auxiliar ou interromper um processo
grandioso que é o germinar, florescer e frutificar. Portanto, os materiais, os
recursos didáticos e sua utilização foram e são de grande valia para o ensino
aprendizagem de todos, favoreceram o meu trabalho como docente e tornou o
aprendizado do aluno mais prazeroso e eficaz.
Diante desse fato
ressalto que a formação me inseriu num ambiente bem amplo e promissor que
promoveu uma mudança didática/ pedagógica que resultaram na construção e
reconstrução da prática de alfabetização matemática, unindo a coerência teórica
juntamente com a coerência prática cotidiana. Salientando que muitas adaptações
foram incluídas e feitas, pois todos os dias sou levada a tomar decisões, escolher
teorias, fazer reflexões e juntamente com meus valores, sou obrigada a tomar
posições que frequentemente traçam novos caminhos a serem trilhados e seguidos.
Sendo assim, sigo o
meu plantio com a ressignificação da
minha prática, pedagógica e pessoal, agora com uma bagagem mais ampla e
com uma máquina semeadora, que precisa ser inspecionada e atualizada
constantemente. Afinal, sempre recebi boas sementes, mas muitas vezes não tive
condições de tratá-las com o devido cuidado que mereciam: algumas acabei
abandonando pelo caminho, outras pareciam vigorosas e vistosas, mas não as
alimentei.
Quantas vezes fiquei
enfadada e quase desisti, pelos murmúrios que ouvia: o problema está na
semente, não vale a pena tentar, são irrecuperáveis, é de família. Mas minha
persistência não foi em vão, aprendi que é preciso investir e compreendi que
cada pequenino e pequenina vale a pena, porém é preciso conhecer a semente e
também a arte de tratá-la.
Por esses motivos e
vários outros, posso concluir que preciso estar em constante inspeção e
aprimoramento da prática e da mentalidade, pois com o passar do tempo, tudo se
modifica, tudo se transforma e corre o risco de ficar obsoleto Todavia, o amor,
a esperança, a alegria e o prazer ministerial (educar é um ministério), não
ficam ultrapassados, velhos ou arcaicos. Então me seguro e me refugio na
esperança de que tudo vale e valerá a pena, e num futuro não muito distante colherei
o fruto do meu trabalho.
Lagrimar Amorim.